A verdadeira beleza da arquitetura reside em sua capacidade de servir e melhorar a experiência humana, mas esse princípio fundamental nem sempre é respeitado. Muitas vezes, vemos edifícios “públicos” que não se integram ao tecido urbano, são desconectados de seu entorno e não contribuem para a vitalidade e qualidade de vida de uma cidade. Alguns podem até ser muito bonitos, mas se não forem funcionais, confortáveis e acolhedores para as pessoas, seu valor como espaços públicos torna-se bastante questionável. Ícones arquitetônicos como a Ópera de Sydney e o Museu Guggenheim de Bilbao, por exemplo, são celebrados não apenas por suas silhuetas impressionantes ou interiores de tirar o fôlego, mas porque aprimoram a cultura e a vida na cidade, enriquecem a comunidade e oferecem diversas oportunidades de interação e envolvimento do público. É essa abordagem holística de projeto, centrada no ser humano, que permite que esses marcos se tornem partes integrantes da identidade de uma cidade.
Copenhague é um excelente exemplo; enquanto outras cidades ainda têm muito a fazer, ela se destaca como líder no desenvolvimento de impressionantes obras-primas arquitetônicas projetadas para tornar a vida das pessoas melhor e mais agradável. De salas de concertos e casas de ópera a bibliotecas e aquários, não faltam edifícios monumentais na capital dinamarquesa. Essas maravilhas públicas e artísticas estão distribuídas em locais estratégicos e juntas criam um centro urbano lúdico, saudável e vivo que prioriza as necessidades de seus moradores e visitantes, uma das muitas razões pelas quais Copenhague foi nomeada Capital Mundial da Arquitetura UNESCO-UIA em 2023 e sediará o próximo Congresso Mundial de Arquitetos UIA.
Mergulhando ainda mais na cidade e descobrindo suas qualidades urbanas distintas, apresentamos abaixo um tour pelos marcos culturais mais emblemáticos de Copenhague; aqueles que, fundindo a história com a arquitetura contemporânea, catalisam a cultura de diferentes formas, ao mesmo tempo em que fomentam o sentimento de pertencimento e propriedade entre os cidadãos.
Espaços polivalentes para diversas atividades culturais
À medida que as sociedades se tornam cada vez mais dinâmicas e multifacetadas, as cidades devem fornecer infraestruturas flexíveis e adaptáveis, capazes de atender às necessidades em constante mudança dos usuários. Isso é especialmente importante quando se trata de eventos culturais, que podem variar de shows e festivais de cinema a torneios esportivos e exposições de arte. A Arena Real, por exemplo, é capaz de se adaptar a diferentes eventos, independentemente de sua escala. Localizado na área de Ørestad South em Copenhague, o edifício recebe shows e eventos esportivos globais, atraindo simultaneamente espectadores locais e internacionais.
Ao contrário das arenas tradicionais, o projeto está localizado em uma densa área urbana residencial, e não nos arredores da cidade. Portanto, para garantir um diálogo positivo entre o edifício e a comunidade, os arquitetos adotaram uma abordagem de “boa vizinhança” que exigiu repensar radicalmente a tipologia da arena. Isso se traduziu em uma série de medidas claras e focadas nas pessoas: ativando o entorno, oferecendo novas oportunidades para quem mora e trabalha nas proximidades, proporcionando pequenas praças e espaços públicos e criando uma estética minimalista em madeira que se encaixa no estilo da região. Juntamente com recursos de projeto que melhoram a experiência do desempenho, como paredes acústicas e teto plano, o local promove a cultura e incentiva o crescimento de todo o distrito (e cidade).
Infraestrutura para expressão artística e criativa
Os edifícios dedicados à arte e à criatividade desempenham um papel vital na capital dinamarquesa, proporcionando um espaço seguro para artistas compartilharem seu trabalho com o público, incentivando a interação social e atraindo turismo e benefícios econômicos. Em última análise, eles são cruciais para gerar um ambiente dinâmico, diverso e habitável. O Teatro da Ópera Real Dinamarquesa busca contribuir para essa missão por meio de seu projeto, descrito por seus arquitetos como uma “declaração de amor pela arte e por Copenhague”.
Situado à beira-mar na Ilha Holmen (centro de Copenhague), o volume ousado e marcante é um dos maiores edifícios da cidade, composto por um palco principal e outros cinco diretamente conectados. Possui um foyer monumental que define o cenário para cada apresentação, enquanto o design intimista da sala de concertos enfatiza a interação entre o palco e o público. Juntamente com outros edifícios culturais da região, a Ópera contribui para o vibrante e inspirador espaço urbano de Holmen, aproximando as artes cênicas dos residentes.
Bibliotecas que funcionam como motores sociais e culturais
As bibliotecas fornecem acesso a informações e espaço para as pessoas se reunirem, se conectarem e se envolverem em eventos recreativos. Em Copenhague, elas são parte integrante do tecido urbano e servem como centros de atividades sociais, intelectuais e culturais, aprimorando o caráter e o apelo únicos da capital. A Biblioteca Real, por exemplo, é um dos marcos mais significativos da orla da cidade, especificamente na área de Slotsholmen. Conhecida como “The Black Diamond”, sua extensão moderna é revestida em granito preto e se destaca por suas superfícies polidas escuras, brilhantes e linhas bem definidas. Aberto e essencialmente democrático, o edifício oferece uma variedade de programas públicos, incluindo café, restaurante e sala de exposições.
Enquanto isso, a Biblioteca e Casa da Cultura de Tingbjerg é um novo marco e catalisador urbano que visa contribuir para o desenvolvimento positivo de Tingbjerg, enquanto representa uma pedra angular arquitetônica no modernismo dinamarquês. Com seu grande envoltório em forma de cunha, de apenas 1,5 metro de largura em sua parte mais estreita e com quatro níveis, o edifício permite que os usuários participem de diferentes atividades sociais. O volume único cria ainda uma forte identidade e, ao mesmo tempo, respeita o ambiente ao utilizar materiais empregados no bairro, como os tijolos amarelos que revestem a fachada.
Edifícios que preservam o patrimônio marítimo do país
Praticamente cercada por água, a Dinamarca tem uma longa história como um importante país marítimo que impactou significativamente sua cultura, culinária e economia. Esta identidade marinha também se revela em muitos dos seus edifícios, tanto em Copenhague como nas cidades e vilas vizinhas. Com uma localização privilegiada nas margens de Øresund, o edifício Planeta Azul em Copenhagen é o maior aquário do norte da Europa, contendo 7 milhões de litros de água e mais de 450 espécies em um volume moldado para se assemelhar ao movimento infinito da água. O design do redemoinho muda drasticamente dependendo do ângulo de visão, distância e condições de luz solar. Visto de cima, parece uma estrela do mar; de frente, lembra ondas ou uma grande criatura marinha; e de perto, a fachada mostra um padrão de escama de peixe. Os interiores variam de ambientes grandiosos a íntimos, permitindo que o público experimente diversas atmosferas enquanto desfruta do legado aquático de Copenhague.
Localizado a uma curta viagem de trem de Copenhague, a cidade portuária de Elsinore abriga o renomado Museu Marítimo Nacional Dinamarquês, um projeto no qual os arquitetos se depararam com o desafio de projetar um edifício que não obstruísse a vista do Castelo Kronborg, Patrimônio Mundial da UNESCO. A solução foi criar um museu subterrâneo em forma de navio, na antiga doca seca de Elsinore, mantendo intocadas suas paredes de 60 anos.
No geral, as maravilhas arquitetônicas públicas de Copenhague são uma prova de seu espírito vibrante e ideais democráticos. Cada edifício, com seu desenho único e características marcantes, conta a história da rica identidade cultural da cidade (e do país), orgulhosamente reconhecida, celebrada e reivindicada pela comunidade.
Para mais informações e dicas sobre a cidade, acesse VisitCopenhagen.